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Estância,02/11/2024

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Coluna Comunicando | Trajetória: Da Ascensão à Queda de Márcio Souza

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Coluna Comunicando | Trajetória: Da Ascensão à Queda de Márcio Souza Márcio Souza

A política estanciana é um teatro de dramas e reviravoltas, onde poucos conseguem se manter em evidência. Um exemplo claro dessa dinâmica é a trajetória de Márcio Souza, que, de esperança renovada em meio ao cenário de políticos tradicionais, ascendeu como uma estrela brilhante, mas que, ao longo do tempo, viu seu brilho se apagar. Em 2024, o que se desenhou foi o ocaso definitivo de uma liderança que, há alguns anos, parecia ser a grande promessa de renovação na política da cidade.


Márcio construiu seu espaço com garra e um discurso incisivo, erguendo-se como um opositor ferrenho de figuras como Ivan Leite, Carlos Magno e outros caciques locais. Sua trajetória começou discretamente em 2008, com apenas 921 votos (2,86% do eleitorado) em sua primeira candidatura. Contudo, a perseverança trouxe frutos: em 2012, ele mais do que dobrou seus votos, alcançando 2.339 (7,8%) e, em 2016, sua performance surpreendeu a todos, com 9.556 votos (27,06%), consolidando-o como uma força política emergente.

Em 2018, Márcio lançou-se na corrida pelo governo de Sergipe. Em Estância, conquistou 7.929 votos (27,59%), um resultado expressivo, mas que representou apenas um terço do que seu partido havia alcançado nas eleições anteriores, quando Sônia Meire concorreu. Apesar desse desempenho, a sabedoria política de Márcio se mostrou escassa ao optar por apoiar Valadares Filho no segundo turno. Essa decisão custou-lhe caro: enquanto Valadares repetiu sua votação, Belivaldo Chagas, o candidato do governo, obteve 21.464 votos, ou quase 73% dos votos válidos em Estância. Essa escolha foi o início de sua descida na política local, distanciando-o de sua base e prenunciando uma série de erros futuros.


Os problemas se agravaram nas eleições de 2020, quando Márcio decidiu reunir um grupo improvável de aliados, unindo antigos rivais em uma aliança que ficou conhecida sarcasticamente como "sarapatel de coruja". Junto com Carlos Magno, Ivan Leite, Bento e Valdevan Noventa, ele acreditou que poderia desbancar o então prefeito Gilson Andrade. Embora tenha alcançado sua maior votação até então, com 12.887 votos (36,08%), a percepção de que havia se afastado de sua base original começou a se cristalizar. Ele saiu da eleição sem vitória, mas com um gosto amargo: apesar do número expressivo, a sensação de que algo se havia perdido no caminho era inegável. Márcio não era mais o candidato autônomo de outrora; ele parecia diluído em meio às alianças.

Ao se aproximar de 2022, a fragilidade de sua posição se tornou evidente. Márcio não conseguiu contar com o apoio das principais lideranças de seu partido. Os vereadores Isaías e Evandro, em uma manobra que reforçou seu distanciamento, decidiram apoiar a candidatura de Lidiane Lucena (Republicanos de Aquidabã), em detrimento ao correligionário. Esse descontentamento se refletiu em sua campanha, que foi um desastre, resultando em apenas 2.234 votos (6,44%). A ausência de apoio dessas lideranças e a divisão interna dentro de sua base política mostraram a perda de força de Márcio, evidenciando sua desidratação eleitoral.


Os conflitos no PT, especialmente com seu vice, Dominguinhos, foram outro fator crucial para sua queda. Ao invés de agregar à chapa, Dominguinhos se revelou uma figura divisiva. Em um episódio lamentável, ele tentou enfraquecer o partido de dentro para fora, gerando tensões com Artur, uma das figuras centrais da legenda. Dominguinhos, em um momento de desespero, chegou a comparar um correligionário a Lúcifer, enquanto, por outro lado, foi flagrado tomando vinho caro com um adversário político. Essa incoerência e as tensões internas resultaram em uma atmosfera de desconfiança e divisão, que se revelou fatal para a candidatura de Márcio.


À medida que se aproximavam as eleições de 2024, a situação tornava-se cada vez mais complicada. Apesar de tentar alianças com o PSOL e outras forças da esquerda local, sua candidatura estava visivelmente desgastada. A campanha, sem brilho e fragmentada, rendeu apenas 2.928 votos (7,66%), um resultado decepcionante que selou seu destino político. Márcio ficou atrás de candidaturas que surgiram de última hora, como as de Joaquim Ferreira e Rebeka Maia, que souberam capitalizar o descontentamento popular e ultrapassá-lo com facilidade.


Nesse contexto, a comparação com Marina Silva é pertinente: assim como Marina, que deixou o PT e chegou a conquistar 20 milhões de votos, Márcio parecia destinado a um futuro promissor. No entanto, ao lado de sua trajetória, a realidade se apresentou sombria. De quase 13 mil votos em 2020, ele viu sua votação despencar para apenas 2.928 em 2024, uma desidratação de quase 10 mil votos. Esse cenário provoca reflexões profundas sobre suas decisões e o caminho percorrido. Guardadas as proporções, ele também perdeu para novatos como Joaquim e Rebeka, repetindo um ciclo de queda em desempenho eleitoral.

A política é dinâmica, mas a trajetória de Márcio Souza se revela como um retrato de um ciclo que se fechou. O que era uma promissora ascensão transformou-se em um lamento pela oportunidade perdida. Em 2024, parece que a pá de cal foi lançada no sarcófago político em que ele se enterrou com seus erros. A queda de Márcio não é apenas um aviso, mas uma reflexão sobre os desafios e as armadilhas do jogo político, que pode ser impiedoso com aqueles que não se adaptam e não ouvem as lições do passado.




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