Caso Genivaldo: Júri de policiais da PRF acusados de tortura e homicídio triplamente qualificado começa hoje em Estância
Teve início na manhã desta terça-feira, 26 de novembro, no Fórum Ministro Heitor de Souza, em Estância (SE), o Tribunal do Júri dos três agentes da Polícia Rodoviária Federal acusados pela morte de Genivaldo de Jesus Santos. O caso, ocorrido em maio de 2022, no município de Umbaúba, ganhou repercussão nacional e internacional devido à brutalidade da abordagem que resultou na morte da vítima, asfixiada dentro de uma viatura transformada em uma espécie de "câmara de gás".
O Caso
Genivaldo, de 38 anos, foi abordado por agentes da PRF enquanto pilotava uma motocicleta sem capacete. Durante a abordagem, imagens gravadas por testemunhas mostram o momento em que ele foi imobilizado e colocado no porta-malas da viatura. No interior do veículo, os policiais usaram spray de pimenta e gás lacrimogêneo, causando a morte de Genivaldo por asfixia mecânica e inflamação das vias aéreas, conforme confirmado pelo laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Sergipe.
O relatório pericial ainda desmentiu a alegação de que a vítima estaria em surto psicótico no momento da abordagem, confirmando que ele fazia uso de medicação controlada para tratamento de esquizofrenia, mas estava em condições normais.
Os policiais Paulo Rodolpho Lima Nascimento, William de Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas foram denunciados pelo Ministério Público Federal por tortura e homicídio triplamente qualificado, incluindo motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O Julgamento
Presidido pelo juiz federal Rafael Soares Souza, responsável pela 7ª Vara Federal em Sergipe, o Tribunal do Júri será composto por sete jurados, cidadãos convocados pela Justiça Federal. Esses jurados terão a responsabilidade de decidir se os réus são culpados ou inocentes das acusações.
O julgamento deverá durar sete dias e contará com depoimentos de testemunhas, sustentação oral do Ministério Público Federal, argumentação da defesa e análise de provas documentais e audiovisuais.
O plenário foi organizado para receber representantes das partes envolvidas, familiares da vítima e dos acusados, além de espaços destinados à imprensa e ao público geral.
Impacto e Expectativa
O caso Genivaldo é um marco no debate sobre abuso de autoridade e violência policial no Brasil. A brutalidade da abordagem chocou o país, gerando protestos e exigências de justiça por parte de movimentos sociais, organizações de direitos humanos e cidadãos indignados.
A expectativa é que o Tribunal do Júri, que começou nesta terça-feira, traga respostas e encaminhe a tão esperada justiça para o caso. A decisão dos jurados e a sentença do juiz Rafael Soares Souza terão repercussões significativas, não apenas para a família de Genivaldo, mas também para a sociedade brasileira.
O Tribunal deve atrair os olhos de todo o Brasil, sendo um teste da capacidade do sistema de justiça em enfrentar casos de violência estatal e garantir que crimes como esse não fiquem impunes.
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